Dando continuidade à Trilogia das Marias, Angelli Nesma Medina optou por
um projeto ambicioso: um remake do clássico Os ricos também choram,
porém supervisionada por Valentín Pimstein. Se já haviam comparações
entre Thalía e Verónica Castro, depois dessa novela, elas ficaram mais
evidentes. Mas o que seria um remake, acabou virando outro clássico:
Maria do Bairro foi uma verdadeira febre.
Thalía estava à frente de uma história eletrizante que não perdeu o
pique em um momento sequer, e que tomou rumos inesperados conforme foram
passando os capítulos. Junto a ela, Fernando Colunga, surgia como
playboy inconsequente. Formou com Thalía um dos pares mais famosos,
principalmente por ter transportado o romance para fora das telas.
Inclusive, disseram que os dois se recusaram a trabalhar juntos depois
(no caso, A usurpadora, e em seguida, Rosalinda).
Dizem que tal romance teria causado ciúme em Héctor Soberón, que vivia
Vladimir, que saiu da novela subitamente. Na novela, explicaram que ele
se casou e ficou morando na Europa. Depois de um tempo, Vlad nunca mais
foi citado. O mesmo aconteceu com Vanessa, que foi morar na filial da
empresa de Fernando no Brasil, sem maiores explicações e citações.
Foram muitos os destaques de Maria do Bairro. A começar por Thalía, mas
na primeira fase, quando era uma menina encantadora e ignorante.
A surra que deu em Soraya no teatro após chorar na ópera, foi um momento
muito marcante. O momento em que deu seu filho a Agripina foi um dos
mais importantes e emocionantes da novela, e Thalía soube transmitir
tamanho sofrimento. Pena que passaram os anos, e Thalía destoava do
papel de mulher madura, talvez principalmente pela personagem ter
perdido a graça que tinha quando Maria era uma moleca.
Ludwika Paleta como a mimada Maria dos Anjos, carinhosamente chamada de
Tita, foi outro destaque. Voltava à televisão em grande estilo, e logo
retomou uma carreira exitosa, deixada de lado desde Vovô e eu. Ludwika
conquistou o público com Tita, compondo uma personagem às vezes terna,
às vezes maldosa.
Junto a ela, Oswaldo Benavides, ainda que muitas vezes criticado como
Nandinho, o compôs de maneira convincente, talvez não tenha acertado na
fragilidade do personagem no início, um tanto exagerada, com o tempo,
Nandinho foi tendo mais atitude, e Oswaldo também foi crescendo.
Ricardo Blume e Irán Eory também atuaram muito bem, ele como o “Tio
Louro”, o verdadeiro “pigmaleão” de Maria. E ela como a refinada
Victória de la Vega, que só com o tempo aceitou Maria. Também Meche
Barba como Lupe mostrou seu bom desempenho. E no lado cômico, Rebeca
Manríquez arrasou como a hilariante Carlota, a fofoqueira empregada,
sempre preocupada mais com as notícias que corriam pela mansão do que
com seu serviço. Carmen Salinas como a sofrida Agripina conquistou o
público, sua imagem popular também agradou junto a René Muñoz, como
Veracruz.
Ana Patricia Rojo destilou muito veneno como Penélope, a chantagista que
passou a atormentar a vida de Maria, por saber muitos segredos dos de
la Vega.
Mas não teve pra ninguém: Maria do Bairro foi de Itatí Cantoral. Na pele
da diabólica Soraya, ela simplesmente arrasou. Fez muitas atrocidades,
morreu, ressucitou, e continuou sua carreira de maldades. Foi a primeira
vez que outra atriz viria a ofuscar Thalía, e com Itatí Cantoral foi
assim, com o tempo, a novela girava em torno de Soraya e de suas
maldades, que só tiveram fim no último capítulo, quando ela morreu
queimada em um incêndio que provocou para matar Maria. Itati alcançou um
sucesso jamais atingido até então, e a partir daí, virou estrela de
primeira grandeza da Televisa.
A história fez tanto sucesso que Angelli Nesma não se limitou a um
remake de Os ricos também choram e acrescentou uma nova história. Assim,
a novela passaria por várias reviravoltas que repercutiram em cada vez
mais êxito. Foi a partir daí que vieram várias participações especiais
como Antonio Medellín, Enrique Lizalde, Sebastián Ligarde, Ariel Lopez
Padilla entre outros.
No Brasil, Maria do Bairro rendeu ao SBT índices há muito tempo não
conquistados por novelas. A novela foi um verdadeiro fenômeno, o que
rendeu a primeira visita de Thalía ao Brasil. Thalía encantou por onde
passou, com sua música e seu talento, e foi a partir de Maria do Bairro,
que Thalía passaria a vir ao Brasil diversas vezes.
Maria do Bairro foi uma das novelas mais exportadas de todos os tempos,
tendo tanta repercussão e sucesso quanto a Os ricos também choram. É por
isso que foi um sucesso avassalador, como poucos, ou seja, um
verdadeiro clássico dos anos 90.
A trilha sonora de Maria do Bairro teve como tema de abertura a música
Maria la del barrio, cantada pela protagonista Thalía. Os instrumentais
da novela dirigidos por Paco Navarrete foram usados em outras novelas
posteriores como Preciosa.
Em 1995 a Fonovisa (gravadora da Televisa) lança um single com o tema de
abertura, logo em seguida Thalía lança o seu álbum " En extasis" pela
gravadora EMI e inclui o tema que até hoje é um dos mais lembrados de
sua carreira musical.
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